Confiança é o capital invisível que sustenta a saúde

Por Gilmara Espino, mestre em Gestão de Saúde pela FGV, professora do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino e presidente da GPeS – Comunicação em Saúde.

Em um setor tão desafiador como a saúde, onde margens são pressionadas e a inovação se torna rapidamente commodity, há um ativo que decide o futuro das organizações: a confiança.

Pacientes confiam quando percebem transparência e cuidado. Colaboradores confiam quando enxergam coerência entre discurso e prática. A sociedade confia quando resultados clínicos e de gestão são comunicados de forma clara e responsável. Sem confiança, nenhuma instituição sobrevive por muito tempo por mais avançada que seja sua tecnologia ou por mais renomado que seja seu corpo clínico.

É nesse ponto que a comunicação assume papel estratégico. Longe de ser apenas ferramenta de visibilidade, ela se torna instrumento de gestão. Organiza narrativas, traduz dados em valor, conecta processos a pessoas e sustenta a reputação no longo prazo.

Da retórica à governança

Comunicação em saúde não é acessório de marketing. É parte da governança.

  • Quando uma instituição compartilha seus indicadores de qualidade assistencial, abre espaço para diálogo com a sociedade.
  • Quando traduz relatórios técnicos em linguagem compreensível, fortalece a relação com pacientes e familiares.
  • Quando monitora em tempo real menções e crises, evita que ruídos isolados se transformem em ondas de desconfiança.
  • Trata-se de alinhar cultura organizacional, práticas assistenciais e experiência do paciente em torno de um propósito maior: a sustentabilidade do sistema de saúde.

O Brasil diante do desafio

Tecnologia pode ser replicada. Estruturas podem ser copiadas. Mas confiança, construída dia após dia, é intransferível.

Tecnologia pode ser replicada. Estruturas podem ser copiadas. Mas confiança, construída dia após dia, é intransferível.

Embora algumas operadoras de planos de saúde tenham registrado lucros expressivos no último ano, quase metade do setor segue no vermelho. A inflação médica, o envelhecimento populacional e a judicialização continuam a pressionar custos. Diante desse cenário, comunicar de forma seletiva ou triunfalista pode ser um tiro no pé. O verdadeiro desafio é assumir e transformar vulnerabilidades, compartilhar aprendizados e mostrar o que está sendo feito para garantir continuidade e acesso.

Essa é a fronteira onde comunicação e gestão se encontram. É aqui que reputação se constrói ou se destrói.

O futuro é de quem inspira confiança

Tecnologia pode ser replicada. Estruturas podem ser copiadas. Mas confiança, construída dia após dia, é intransferível. Ela nasce da coerência entre discurso e prática e do respeito ao paciente.

No setor de saúde, confiança não é apenas ativo intangível. É vantagem competitiva. É o que diferencia instituições que sobrevivem daquelas que realmente se tornam referência.

E a questão que fica é: sua organização está preparada para tratar a comunicação como parte da governança e assumir a confiança como seu maior ativo?

 

Artigo escrito por Gilmara Espino

Mestre em Gestão de Saúde pela FGV, professora do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino e presidente da GPeS – Comunicação em Saúde.

 

Quem somos

Desde 1971, a Federação Brasileira de Administradores Hospitalares é pioneira em colocar a gestão no centro da Saúde no Brasil.

Ao longo de mais de cinco décadas, a FBAH consolidou-se como referência nacional, promovendo a valorização e qualificação dos profissionais que fazem a diferença na administração de hospitais e na gestão da saúde.

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